Memória Individual Explícita ou Implícita

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Sinopse:

Do que tenho, da Filipa, memória é de a ver, ou quase não ver. E de ser mais importante o quase não ser do que o ver.

Era um pequeno buraco, sem fechadura, (tenho estigmatismo e os óculos em casa, invariavelmente).

Acabei de escrever-fazer um longo tratado/monólogo sobre a, minha, memória, já me esqueci de tudo. Não me quero relembrar. Já. Haverá tempo. Outro. Mas este não é o meu tempo. É o dela.

A memória é coisa do tempo ou cai por entre o tempo ou é outro tempo, o tempo da memória não é gasto, esboroua-se.

Quando se têm poucos anos tem-se muito tempo mas tem-se de facto pouco tempo, que parece muito, a memória dentro do tempo atabalhoada. É curto, ainda, o tempo, teu, Filipa, possível de contar pelos dedos das mãos, os dias, as horas. Mas é o tempo do tudo, em que se cola tudo e fica tudo e se jura, nunca mais, nunca mais, nunca mais, sempre mais, sempre mais, sempre.

Mais. O que lhe queria dizer é que o que fica não é sempre o que faz doer. E que se pode, com airoso sucesso, combater isso, a memória do fazer doer. Vai-se à guerra, Filipa. Hoje caiu uma bolota na chão para árvore medrar. Oxalá.

Este trabalho é sobre ir à guerra. Com bolotas. Na mão.

(O que te queria dizer é que podes e existes comigo e para além de mim, enquanto eu viver e tu também. E depois, existiremos nos livros que ficam e nas mãos dos que nos amam, também).

Sónia Baptista

p.s. Isto é a sinopse que a Filipa escreveu, mas com outro nome:

Ficha Artística e Técnica:

Criação, Interpretação e Produção: Filipa Matta; Luz: Jorge Rosado; Som: Pedro Costa; Figurino: Diogo Gouveia; 

Duração: 60 minutos

Classificação etária: M/16

Sessões no dia 03 e dia 10 de Dezembro de 2016, às 21h30, no espaço Animateatro, Amora (Travessa José Maria Vieira 4,, 2845-478 Amora)